“Como profeta, Elias depende só de Deus e esta dependência é absoluta. Só age por sua ordem. O zelo devora-o, mas deixa-se consumir enquanto espera que Deus fale e fixe um objetivo à sua atividade. A sua atitude normal, poderia dizer-se, é um atitude de expectativa. ‘Vive o Senhor, em cuja presença estou.’ É para a obra ordenada diretamente por Deus que conserva toda a sua energia. Utilizá-la para uma obra pessoal, por mais excelente que fosse, seria, quanto a ele, desviar-se, em parte, da sua missão. Ele é um instrumento de Deus.
É apenas instrumento, mas não sem mérito. Esta submissão constante impõe um abnegação completa. Para Deus poder das as suas ordens e ser plenamente obedecido, o instrumento tem de se perder a si mesmo. As missões
que o profeta recebe não são isentas de risco.”
(Frei Maria-Eugênio)

 

O profeta Elias se situa na história de Israel numa época onde, instalado na terra de Canaã, o povo eleito começa a esquecer o Deus que o fez sair do Egito e se volta para os ídolos, os Baals. Tomado por Deus que o conduz ao deserto, Elias retorna ao seu povo para lhe revelar, sobre a montanha do Carmelo, quem é o verdadeiro Deus.

O que este homem com vestes tão estranhas e de costumes tão grosseiros tem para nos dizer hoje?
A sociedade do tempo de Elias e a nossa são bem diferentes. São numerosos os espirituais para quem uma vida de recolhimento no ermo, no deserto é somente um sonho irrealizável. Uma pessoa casada, por exemplo, possui deveres que lhe impõem obrigações cotidianas extenuantes em meio à agitação do mundo. Outra pessoa, pode ter uma vocação de apostolado exterior e se encontrar engajada numa multiplicidade de obras.

Qual lição prática podemos tirar da atitude de Elias quanto ao testemunho que somos chamados à dar ao mundo?
O profeta é aquele que é tomado por Deus. Nele Deus deixa o desejo de encontrá-Lo, a sede de estar com Ele e de fazer a Sua vontade doando-se para responder aos Seus chamados lá onde Ele o enviar como testemunha.
Deus escolhe o profeta para que ele dê testemunho. “Eu me consumo de zelo pela sua Glória” proclama Elias. E por quê? Para dar testemunho de Deus e de Sua vida ao mundo moderno. Deus não escolhe o profeta somente para que ele fique em sua presença, mas também, para enviá-lo em missões particulares, para que ele leve o testemunho da existência de Deus e também da vida de Deus que está nele e que transborda. Como ele testemunha? Através do amor que deve transparecer em seus gestos, atos e palavras.

A harmonia desta síntese não procede de uma sábia dosagem de ocupações exteriores ou de exercícios espirituais.

  • Todo batizado é chamado a viver esta experiência de Deus;
  • Como todos não podem viver no deserto, é necessário introduzir no dia à dia momentos de silêncio para entregar-se à ação transformante do Espírito;
  • Presença em Deus e presença no mundo podem unir-se em um equilíbrio, que as purifica, as enriquecem e as fecundam mutuamente;
  • É este o equilíbrio perfeito de contemplação e de ação que caracteriza o profeta e que produz o apóstolo perfeito.

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