Ele era um homem de estatura pequena, mas “grande aos olhos de Deus”, dirá Santa Teresa. Era reservado, modesto: teve o dom de passar despercebido, e até mesmo de ser desprezado. No entanto, ele era dotado de uma sensibilidade artística, de uma inteligência e de uma capacidade de amar fora do comum segundo aqueles que o conheceram. Foi no amor que ele ultrapassou todos os sofrimentos de sua vida.
Nasceu numa família pobre, continuará pobre material e espiritualmente toda a sua vida. Por outro lado assim como os seus contemporâneos ele possui uma personalidade intrépida e uma tenacidade que o lançará não à conquista do Novo Mundo, mas em uma exploração abissal do mistério de Deus. São João da Cruz é um “explorador do infinito”. Para isso, ele dispunha de alguns meios: um excelente conhecimento da Escritura, adquirido em parte na Universidade de Salamanca; sua experiência mística, que ele pôde contrastar com a de Santa Teresa, e a experiência das almas, pelo seu trabalho de diretor espiritual.
É por isto que ele pode nos guiar nas “regiões sem trilhas” de nossa resposta pessoal ao Amor de Deus, e nos fazer pressentir o que nos espera no final da aventura: uma união perfeita com Deus na “Chama Viva de Amor”.
Tal é, nos diz ele, o sentido, o objetivo de nossa vida. O caminho por onde chegar é difícil, mas Deus, por sua graça, nos fornece os meios infalíveis para atravessá-lo: a fé, a esperança e o amor.